Antes de formar um grupo e
concretizar a candidatura ao governo do Rio Grande do Norte, o atual
vice-governador e governador eleito, Robinson Faria (PSD), estudou como teria
que fazer.
Contratou uma pesquisa
qualitativa ao instituto GPP, do Rio de Janeiro, e durante um dia inteiro ouviu
de especialistas no assunto, que ganharia a eleição sim, desde que montasse um
grupo de novos. Que era isso o que o eleitor potiguar estava querendo.
Pela pesquisa aprofundada,
eram 3 os nomes que os potiguares apontavam como representantes dessa fatia do
bolo político que o povo poderia acreditar: o nome dele próprio, o da deputada
Fátima Bezerra (PT) e o do prefeito de Natal, Carlos Eduardo (PDT).
Com o resultado do estudo
nas mãos, Robinson foi atrás dos dois para compor o grupo vencedor da eleição
que ainda demoraria a acontecer.
Para Robinson, à época, mais
fácil seria a aliança com o prefeito, que até em declaração pública, como fez a
este Blog, disse que Robinson seria seu candidato ao governo.
Fátima seria ainda uma
incógnita, já que entre Robinson e o PT, nunca houve nada além da amizade do
candidato com o deputado Fernando Mineiro, companheiros de Assembleia
Legislativa.
Robinson estava enganado.
Com o PT, a aliança para
formação da chapa majoritária, fluiu.
Com Carlos, amigo, vizinho
de apartamento em Natal e de casa na praia de Pirangi, onde os filhos de ambos
brincam juntos, o que houve foi decepção.
O prefeito, mesmo conhecendo
o estudo aprofundado, e tendo compromisso já assumido com o amigo, optou por
apoiar a candidatura do primo Henrique Alves.
Na época, Robinson ainda
tentou justificar que tinha apoiado a eleição de Carlos, enquanto Henrique apoiava
Hermano e até tentava, junto à Câmara Municipal, cassar o mandato do prefeito.
Mas, a relação entre os primos estava consolidada e Carlos ignorou o estudo que
apontava a ampliação de sua força como parte de um grupo de novos.
Robinson acreditou no estudo.
O PT poderia até não ter
apostado, caso tivesse sido o escolhido para formar chapa majoritária com o
PMDB. O que não se concretizou somente por causa da presença do senador José
Agripino e do seu DEM na coligação. Seria água e óleo. Não daria liga.
Sem ter como fazer parte da
coligação “grande”, restou ao PT se coligar a Robinson.
Restou ao PT acertar, como
mostrava o estudo detalhado do GPP, discutido intensivamente entre o então
pré-candidato Robinson Faria e o marqueteiro Duda Mendonça.
Hoje, eleito governador pelo
PSD e com apoio do PT, Robinson prefere não passar ‘na cara’ do amigo prefeito
que ele pode ter perdido a oportunidade de ter saído melhor do processo
sucessório desse ano, a dois anos da sua campanha pela reeleição.
Quando perguntei se o prefeito
havia lhe parabenizado pela vitória, já que os dois sempre mantiveram uma boa
relação política e pessoal, Robinson se limitou a responder que “não”.
Thaisa Galvão – E o
candidato Henrique Alves, lhe telefonou?
Robinson Faria –
Não.
Thaisa Galvão – E
essa sua vitória com maioria tão expressiva, você deve a quê, além do povo
livre, como você vem dizendo em suas entrevistas desde ontem?
Robinson Faria –
A uma campanha de coragem, de resistência, de libertação. Uma campanha contra a
política antiquada, contra 50 anos de domínio de um povo, onde o Rio Grande do
Norte não avançou. Vimos o Ceará e Pernambuco explodirem, o crescimento do
Piauí e da Paraíba, e o Rio Grande do Norte sem conseguir acompanhar. E as
pessoas de antes eram essas que hoje se uniram. O povo cansou. Eu fiz um
discurso sempre alertando para isso, um discurso corajoso sem ser radical.
Thaisa Galvão – E
qual o papel do ex-presidente Lula na sua campanha? Ele acrescentou muito?
Robinson Faria –
Muito. Acrescentou demais. Lula no Nordeste é fundamental. Sem falar que o PT
foi muito correto comigo, todo o PT, mas ,principalmente a militância que
aceitou o meu nome.
Thaisa Galvão – E a
governadora Rosalba Ciarlini? Você disse que ela se integrou à sua campanha no
segundo turno e que votou em você. Foi ela quem disse que votou em você?
Robinson Faria –
Ela votou espontaneamente, teve o direito de escolha e escolheu. Não houve
nenhuma reunião dela comigo, nenhuma conversa secreta, não houve nada.
Thaisa Galvão – E
como você soube do voto dela?
Robinson Faria –
Eu vi nas redes sociais.
Thaisa Galvão – Você
perdeu em Natal por 31 mil votos no primeiro turno e agora no segundo ganhou
com maioria de mais de 13 mil votos. Como em 20 dias você conquistou 45 mil
votos para virar o jogo e ainda ter maioria na capital?
Robinson Faria –
Acho que o povo não gostou da campanha na TV de ataques a mim. Eu ganhei todas
as ações na justiça contra os ataques e o povo entendeu que se fazia uma
campanha terrorista contra mim já que não havia contra mim, sequer uma
suspeita. O povo não aceitou.
Thaisa Galvão – E
como você conquistou mais 25 mil votos em Mossoró nesses 20 dias? Sua maioria
anterior foi de 23 mil votos e a de agora superior a 48 mil votos.
Robinson Faria –
Em Mossoró o nome já era crescente e eu me dediquei muito. Frequentei muito
Mossoró. Depois dos comícios e caminhadas eu ia aos bares, aos bares
alternativos, ficava na rua até 4 da manhã. Ia à zona rural, metia a cara mesmo
e isso tudo foi importante.
Thaisa Galvão – Teve
cidade do interior que você foi bem votado na reta final, mas que no comecinho
da campanha não tinha quem fizesse um discurso para você…
Robinson Faria –
Teve sim. Teve cidade que só falava eu porque não tinha quem fizesse um
discurso mesmo. Em várias dessas cidades eu ganhei.
Thaisa Galvão – E o
trabalho de Julianne, sua esposa? Houve quem se surpreendesse com a
desenvoltura dela.
Robinson Faria –
Julianne fez um trabalho espetacular. Tanto no apoio a mim quanto no trabalho
que fez nos bairros e nas cidades me substituindo. Foi uma grande surpresa. E
ela tem humildade, não gosta de aparecer. Grande parte da minha vitória passou
por Julianne.
Thaisa Galvão – Essa
disposição dela será aproveitada no governo?
Robinson Faria –
Eu quero que ela me ajude. Ela é boa na área social, humanitária e não tem
ambição política.
Thaisa Galvão – Você
já tem pelo menos um nome para a comissão de transição?
Robinson Faria –
Não. Eu sou supersticioso e não pensei nisso antes do resultado das urnas.
Queria primeiro me eleger.
Thaisa Galvão –
Falando em superstição: você foi candidato aos 55 anos pelo PSD que tem como
número o 55. Isso lhe disse alguma coisa?
Robinson Faria – Eu
pensei nisso. Podia ser um bom sinal. O destino estava traçado.
Por Thaisa Galvão
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