Há 51 dias, professores e
estudantes da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (UERN) vivem num
impasse com o Executivo Estadual. Apesar do discurso do procurador-geral do
Estado, Miguel Josino Neto, enfatizar que o Governo do Estado está aberto ao
diálogo com os docentes grevistas, até agora nenhuma reunião com os
representantes da classe e o titular da Secretaria Estadual de Administração e
Recursos Humanos (Searh), Alber da Nóbrega, foi realizada. Um encontro marcado
para ontem foi desmarcado por incompatibilidade da agenda do secretário Alber da
Nóbrega e, como consequência, mais dias serão acrescidos à paralisação, até que
o Governo se posicione acerca do pleito dos servidores da UERN. Em nota
encaminhada à imprensa, o presidente da Associação dos Docentes da UERN
(Aduern), Flaubert Torquato, destacou que a postergação da reunião é uma
demonstração "do descompromisso do Governo do Estado com a UERN e como a
Universidade não é prioridade para a atual administração". Uma nova data
para um encontro com os representantes dos professores que aderiram ao
movimento grevista não foi marcada. Ao longo destes últimos 51 dias, desde que
a greve foi deflagrada, docentes e representantes do Executivo Estadual se
reuniram em duas situações.
A primeira delas ocorreu na
segunda semana de junho, após o Tribunal de Justiça julgar a paralisação dos
professores como legal, apesar da argumentação da Procuradoria Geral do Estado
de que o movimento paredista era abusivo e, ainda, pela impossibilidade de
atender as reivindicações dos docentes em razão das limitações impostas pela
Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF). Naquela audiência conciliatória, nenhuma
possibilidade de negociação foi apresentada pelos representantes do Estado e a
greve continuou. Os docentes, desde então, estão amparados por uma
decisão judicial favorável a paralisação.
"Ora, é notório
no Brasil que a classe dos professores vem sofrendo com péssimas condições de
trabalho e uma remuneração que não condiz com a importância do ensino",
alegaram os desembargadores Judite Nunes e Amaury Sobrinho, além do promotor em
substituição legal, João Vicente Silva de Vasconcelos Leite, no Agravo Regimental
nº 2012.007272-3/0001.00, aberto pelo Estado contra os sindicatos
representantes dos professores da UERN.
Numa outra oportunidade de
discussão da greve, numa audiência pública promovida pela Assembleia
Legislativa quinta-feira passada, o Governo se posicionou favorável ao diálogo
e marcou a reunião para ontem. O encontro, entretanto, não ocorreu.
"Até hoje, todas as vezes em que conversamos com o Governo foi sob a
intermediação de alguma entidade. Não nos reunimos somente com o Governo. Até que
o Executivo Estadual se manifeste, iremos permanecer parados. Entretanto, nós
estamos aberto ao diálogo", enfatizou o diretor cultural da Aduern, João
Freire.
O procurador-geral do
Estado, Miguel Josino Neto, afirmou que passou o final de semana passado
analisando a decisão do Tribunal de Justiça para definir qual medida o Governo
irá adotar sobre este assunto. "A determinação da governadora é para que
encontremos uma solução. Se houver subsídio para que o Governo consiga fazer o
pagamento da primeira parcela, irá fazer. O TJ precisa nos fornecer elementos e
subsídios para que a gente faça a implementação do aumento sem ferir o limite
prudencial", afirmou Josino.
O titular da Searh, Alber
da Nóbrega, foi procurado pela reportagem para comentar quando uma reunião com
os docentes da UERN será marcada, além da proposta do Governo do Estado a ser
apresentada. O secretário, entretanto, não atendeu ou respondeu as tentativas
de contato telefônico feitas em seu gabinete no Centro Administrativo e em seu
celular funcional.
Acordo com professores
prevê aumento de 27%
Após mais de cem dias de
greve em 2011, representantes dos professores da Universidade do Estado do Rio
Grande do Norte e do Executivo Estadual firmaram um acordo que concedia aumento
de 27% à categoria. O percentual, conforme acordo firmado com a Procuradoria
Geral do Estado, seria dividido de forma escalonada em três anos.
A primeira parcela, correspondente
a 10,65% deveria ter sido paga em abril passado, sendo este o motivo principal
do movimento grevista ora em curso. Para 2013, conforme o entendimento do ano
passado, serão mais 7,43% e o restante, outros 7,43%, previstos para 2014.
Conforme cálculos do
Governo do Estado realizados à época do acordo, seriam consumidos cerca de R$
34 milhões ao longo dos três anos para a implementação do aumento.
Prejuízo
O reitor da UERN, Milton Marques, analisou que o tempo dilatado da greve
atrasará a formatura de inúmeros alunos que estão, teoricamente, cursando o
último período dos seus cursos. Para o reitor, existem duas plataformas que
precisam ser analisadas neste caso. "Do ponto de vista pedagógico, não
existem perdas. Seria a parte administrativa da Universidade. O lado negativo é
o atraso na formatura dos alunos", comentou. Marques não confirmou,
entretanto, se o primeiro semestre de 2012 será declarado como nulo. Ressaltou,
porém, que não existirão perdas de conteúdo e os semestres serão finalizados, ao
final da greve, com todos os dias úteis impostos pelo Ministério da Educação.
Fonte: Tribuna do Norte
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