O deputado Henrique representou o seu pai Aluízio Alves |
A Câmara dos Deputados realizou sessão
solene ontem para devolver, simbolicamente, os mandatos dos 173 deputados
cassados pela ditadura militar, entre eles Aluízio Alves (RN). O ex-deputado,
que teve os direitos políticos cassados em 1969, por 10 anos, foi representado
pelo filho e atual
líder do PMDB, Henrique Eduardo
Alves.
Os mandatos, reparados simbolicamente,
foram cassados a partir de 1964, quando milhões de eleitores foram calados e
impedidos de se manifestar através de seus deputados. "Foi uma das maiores
violências cometidas durante o processo revolucionário. Um homem com a força
popular, competência e capacidade administrativa, como Aluízio Alves, deveria ser
um exemplo de político e de vida pública", disse Henrique Alves, ao
relembrar a cassação do pai há 43 anos.
Por força do ato ditatorial, Henrique
Alves, ainda jovem, foi levado a suceder Aluízio Alves na política
precocemente. "O que Aluízio Alves teve daquele processo revolucionário foi
uma violenta cassação, mas graças a Deus e a força dele, eu e Garibaldi Filho
pudemos continuar a sua luta e os seus ideais",disse Henrique, ao receber a
homenagem em nome da família. O deputado lembrou que, além do pai, os irmãos de
Aluízio, Agnelo Alves e Garibaldi Alves também tiveram os direitos políticos
suspensos.
Henrique Alves foi eleito, pela 1ª vez,
em 1970 para a legislatura seguinte quando o Congresso foi reaberto. Desde
então, com 11 mandatos consecutivos, ele ocupa uma cadeira no parlamento. São
42 anos de atividades legislativas.
Nos últimos seis anos ele exerce a
liderança da bancada do PMDB. Dos 28 ex-deputados cassados que ainda estão vivos,
18 compareceram à cerimônia. O ato, segundo a deputada Luiza Erundina (PSB-SP),
presidente da Comissão Parlamentar Memória, Verdade e Justiça, foi uma
reparação história e serviu de alerta para as novas gerações. "Que o arbítrio,
a tortura e o fechamento do Congresso não se repitam mais no
Brasil", disse.
A sessão solene teve ritual semelhante
ao da posse dos parlamentares. Os 'reempossados
', pessoalmente, ou representados pelos familiares, receberam diploma e broche
de uso exclusivo dos deputados. Muitos os
ex-deputados que tiveram os mandatos cassados pela ditadura retornaram à
política somente após a anistia, em 1979.
Aluízio Alves foi cassado quando
exercia o quinto mandato parlamentar (1967-1971). Ele já havia sido deputado
federal entre 1946 e 1961. Na legislatura 1959-1963, o então deputado federal,
no quarto mandato, renunciou para exercer o cargo de governador do Rio Grande
do Norte entre 1961 e 1966.
Ele ainda retornou à Câmara dos
Deputados para um sexto mandato (1991-1995) e foi ministro de Estado por duas
vezes. Durante a solenidade também foram homenageados os outros dois ex-deputados
potiguares cassados na ditadura militar: Erivan França, que teve os direitos
políticos suspensos em 1969 e Ney Lopes, cassado em 1976.
Fonte: O Mossoroense
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